
Quem eram os hititas? Qual a sua relação com o relato bíblico? No que as descobertas envolvendo esse povo ajudam para a fé nas Escrituras Sagradas? Nesta série de artigos, apresentaremos de forma resumida o que a arqueologia bíblica tem a dizer sobre um dos maiores impérios da antiguidade.
Charles Texier: o ponta-pé inicial
Um nome importante envolvendo o estudo da hititologia é o do francês Charles-Felix-Marie Texier, que por volta de 1834 esteve no norte da Turquia, mais especificamente numa aldeia em Boghazköy. Ao que parece, ele foi o pioneiro em estudos naquela região. Próximo dali Texier se deparou com as ruínas de uma cidade, como Atenas no seu apogeu. A intuição era de que sem dúvida algum grande povo habitou ali passado. Um nativo da aldeia o levou até o lugar chamado Yazilikaya (rocha com inscrições), e foi ali que o pesquisador francês pôde ver os inumeráveis relevos de caráter litúrgico. Além disso, o local estava repleto de sinais semelhantes aos hieróglifos egípcios. Sua expedição, porém, foi sem sucesso na identificação das ruínas e dos sinais.

Em 1870, W. H. Skeene e G. Smith, pesquisadores do Museu Britânico, encontraram as ruínas de Carchemish, na margem direita do Eufrates. Para surpresa deles, as imagens desenterradas eram semelhantes àquelas que Texier vira e as inscrições eram idênticas às que Wright tinha em mãos. Não apenas isso, mas alguns selos com a mesma escrita foram encontrados em Ismirna, na costa da Ásia Menor. Em outras palavras, uma escrita unificada de um povo unificado que habitou num vasto território.
Archibald Henry Sayce: a ousadia de um acadêmico
Foi nesse contexto que A. Henry Sayce, pesquisador oriental de 34 anos, afirmou, com base em suas pesquisas de campo e em passagens do Antigo Testamento, que todo esse rastro histórico pertencia aos antigos hititas, os heteus das páginas sagradas. A afirmação foi, é claro, recebida com descrédito. Como um livro religioso poderia conter dados históricos confiáveis? A informação bíblica parecia absurda demais. Em 2 Reis 7:6, por exemplo, os reis hititas são mencionados juntamente com os monarcas egípcios e, de forma curiosa, eles são mencionados antes que desses faraós.
Essa dúvida foi solucionada nos anos seguintes. A pá dos arqueólogos pôde revelar a existência de um poderoso império semelhante ao egípcio e ao babilônico, por volta do II milênio a.C., chamado de Hatti nos textos assírios, de Heta nas inscrições hieroglíficas e de heteus no Antigo Testamento.
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